Uluru - A pedra sagrada no meio do deserto australiano!
- dicadovc
- 28 de abr. de 2016
- 11 min de leitura

PREPARATIVOS
Nossa aventura pelo verdadeiro Outback australiano começou em Sydney. Voamos direto para o Uluru - Ayers Rock, no Dia 11 de dezembro, no voo das 10:30 da manhã. AUD 430,00 ida e volta para dois, com taxas pela Jetstar, sem bagagem! Pesquisamos bastante até encontrar esse valor de passagem, geralmente é um pouco mais caro.
Outra opção é voar para Alice Springs, alugar um carro por lá e dirigir até o Ayres Rock, ou ainda pegar um tour guiado (melhor opção para quem viaja sozinho). Nós somos aventureiros e gostamos de ter nosso tempo e mais liberdade durante as viagens. Por isso optamos por ir sem tour e no final acabou saindo mais barato. Mas para quem não tem outra opção, uma empresa que faz esse tour é a Adventure Tours.
Optamos por fazer uma viagem de 5 dias e acreditem em mim, erramos feio. 3 dias está bem ok, 4 com conforto, 5 foi demais.
Existem três grandes atrações para se ver por lá. O Uluru é a principal delas, mas há ainda outros dois pontos de destaque que merecem ser vistos durante sua passagem por Ayres Rock. Kata Tjuta (conjunto de pedras) e o Kings Canion. As duas principais pedras ficam dentro de um parque nacional, bem próximas umas das outras. A circulação entre elas é feita de carro, ou ônibus particular. E o Kings Canion fica a aproximadamente 320km, mais ou menos quatro horas de viagem.
Essa é uma viagem para amantes de natureza. Sabe aquelas viagens para observar, contemplar?!? Quem espera muita ação, movimento e badalação melhor rever o destino. Nós curtimos muito, além de ser um espetáculo da natureza, a região tem um apelo espiritual e de energia muito forte, falaremos mais sobre isso mais adiante.
É importante destacar que dezembro é bem quente na Austrália e ir para o meio do deserto nessa época não é a viagem mais confortável do mundo! Mas eu queria muito ir, a grana era curta, então arriscamos! (sobrevivemos)
Lembra que eu falei ali em cima que nossa passagem não tinha bagagem inclusa? Pois é, isso foi um problema. Pois decidimos acampar, então nossa mala ficou mais pesada do que o previsto inicialmente por conta da barraca e ítens de camping. E para completar dois dias antes de embarcar recebi um sms da Jetstar me avisando sobre o limite de peso da minha bagagem de mão - 7kg.
Na hora do embarque, estavam pesando as bagagens de todo mundo (nunca vi isso na vida - nem voando Ryan Air na europa), nossa bagagem não passou na pesagem, e tivemos que despachar uma de nossas malas pelo valor de AUD 60,00. (sem drama ou burocracia)
Primeiro dia (somente tarde)
Desembarcamos em Ayres Rock por volta de uma da tarde. Já havíamos reservado um carro, que é essencial! (AUD 316,76) pois não existe transporte público por lá. Nos apresentamos no guichê, o processo foi rápido pois já estávamos com tudo pago, quando chegamos no estacionamento foi a maior supresa! Reservamos o carro mais simples disponível, e na hora nos deram um SUV lindo e enorme! Sorte nossa, pois o ar condicionado era maravilhoso, o carro todo muito espaçoso e confortável.
Fizemos todo o processo pelo site rentalcars.com (usamos ele sempre, é muito bom) e a empresa de locação foi a Hertz, não preciso nem comentar que ficamos 100% satisfeitos né. E para não ficar nenhuma duvida, você pode dar uma olhadinha no nosso post sobre Aluguel de carro na Australia.
Do aeroporto seguimos direto para o camping. Decidimos acampar por uma questão unicamente financeira, já que a oferta de hotéis não é muito ampla e os preços um pouco salgados. Optamos então pelo camping. AUD 74,00 por 3 diárias. (também preço promocional, por ser baixa temporada).
Aqui tem o link para o site oficial do Ayers Rock Camp Ground. O site é bem completo, tem a tabela de preços bem completinha. As opções são, espaço para barraca com ou sem tomada e espaço para MotorHome, todos com valores diferentes. Tem também infomações de horários, tours, atividades especiais como jantares com vista para a pedra e muito mais.
Nossa estadia foi super confortável, não éramos acampantes de primeira viagem, já sabíamos o que esperar e pela grana que economizamos, valeu muito a pena. As instalações eram ótimas,tinha geladeira, microondas e aquelas churrasqueiras a gás bem típicas na austrália sabe? Mas o calor era intenso durante o dia. Vale lembrar que estamos no deserto e a diferença de temperatura entre o dia e a noite é brutal. Nós não pensamos nisso antes de dormir na primeira noite e passamos um pouco de frio pois deixamos algumas roupas no carro. Na segunda, dormimos mais preparados, com todas as roupas que havíamos levado.
Para os menos aventureiros o link do site para os hotéis é o Ayers Rock Resort, lá tem opções de diferentes categorias de acomodação, mas claro nada é tão barato quanto o camping.
Ayers Rock não é exatamente uma cidade, lá tem apenas algumas facilidades como mercado, posto de gasolina, hotéis e alguns restaurantes. Encontramos muitos aborígenes enquanto fazíamos compras no mercado, mas em momento nenhum identificamos qualquer sinal de vila ou indicação de onde eles vivem. As únicas placas indicavam o parque nacional ou a cidade mais próxima. Ficamos muito intrigados, mas não encontramos respostas.
…Voltando a nossa aventura…
Montamos nossa barraca e descansamos até chegar próximo ao horário do por do sol. As principais atividades por lá são basicamente essas, assistir o por do sol e o nascer do sol na pedra.
Todos os dias, os horários previstos para esses lindos fenômenos da natureza ficam no quadro informativo na recepção do camping ou hotel, assim você sabe mais ou menos que horário deve sair para não perder o espetáculo.
Por volta das 17:00 pegamos o carro e fomos rumo ao parque nacional, lá compramos um passe que nos dava direito a entrada por 3 dias (AUD50,00). Foi perfeito.
Assistimos o por do sol, (que é maravilhoso) passamos no mercado e voltamos para o camping para fazer o jantar e curtir as estrelas (tem zilhares delas).

Segundo dia

Na manha seguinte acordamos cedo, (se informe com o camping na noite anterior o horário previsto para o nascer do sol para não correr o risco de perder o espetáculo.)
Existem algumas opções de observatórios. dependendo do anglo que deseja ver. Optamos ver de um angulo diferente do que tinhamos visto no fim da tarde do dia anterior.
A infra estrutura é maravilhosa, esse observatório tem um platô bem bacana para ficarmos um pouco acima do nível das árvores e ter uma visão privilegiada do Uluru. Vimos muitos ônibus chegando com centenas de pessoas, mas o espaço é enorme e tinha lugar para todo mundo. Nós, como eu falei antes, gostamos de ter nosso próprio ritmo. Chegamos antes de alguns grupo e fomos um dos últimos a deixar o local.

Visto isso seguimos para bem pertinho dele. Atualmente é possível escalar a pedra em apenas um ponto e em horários super restritos. Apesar de permitido, essa prática não é vista com bons olhos. E não é difícil de entender o motivo. Estamos falando de uma pedra sagrada, logo tem que ser preservada e acima de tudo respeitada. Você não gostaria da visita subindo em cima dos seus móveis ou de sapato no seu sofá né? Ou pior ainda, sentar sobre a sua Imagem da Virgem Maria. Pois é, eles pensam o mesmo sobre o monumento sagrado deles. Nós super entendemos, até porque só quem já vivenciou a magnitude daquele lugar sabe a energia e força que tem por lá.
Mas nem só de por do sol se vive no Uluru. Tem algumas caminhadas que são bacanas de se fazer, ao redor dele. Escolhemos fazer uma que era gratuita e guiada, (quer melhor que isso?) a Mala Walk , durou em torno de duas horas.
Ela acontece diariamente saindo a partir da base do Uluru, começando as 8:00 de outubro a abril e as 10:00 de maio a setembro e o melhor essa caminhada é acessível. Lá é tudo muito limpo e organizado.



Durante o trajeto, que não é muito puxado tem várias pausas na sombra e muita informação. O guia, descendente de aborígenes, nos conta um pouco sobre as leis aborígenes - Tjukurpa, histórias e lendas sobre o povo Mala (antigos habitantes da região), mostra um pouco da arte encontradas nas paredes da pedra, como era o estilo de vida das pessoas que ali viviam (Ayres Rock era a casa deles) e claro fala um pouco sobre a história geral do lugar. Adoramos essas oportunidades de aprender um pouco mais sobre os lugares que estamos visitando. Ali por exemplo aprendemos o Uluru na verdade é uma pedra cinza. Como a areia ao redor é muito rica em ferro, esta quando depositada pelos ventos sobre a rocha, enferrujam com a água das chuvas e deixam a rocha neste tom avermelhado lindo.
Logo depois do passeio fizemos a volta completa, mas dessa vez no conforto do ar condicionado e vendo tudo pela janela do carro. Como eu disse para vocês antes, optamos por uma época muito quente, muito mesmo. Tanto que muitas trilhas são fechadas a partir das 10:30 pois o calor chega a ser perigoso.
Aproveitamos muito a volta, paramos em alguns pontos mais interessantes para ver melhor a grande rocha e tirar algumas fotos. Para quem gosta de dirigir, vai ser uma experiência bem prazeroso, já que a estrada é quase sempre bem vazia.


Para curtir o fim da manhã deixamos o parque nacional e voltamos para o complexo, passeamos pelo museu dos aborígenes, onde tem algumas obras expostas, músicas e informações sobre as técnicas usadas em pinturas, o pontilismo. Eles fazem obras maravilhosas, compondo milhares de pontinhos para formas e figuras incríveis. É super interessante e lindo.
Almoçamos, descansamos um pouco na sombra das árvores no camping durante a tarde escaldante de calor.
E você acha que acabou? Que nada, por volta das 17:00 voltamos para o mesmo observatório da manhã , só que agora para assistir o por do sol.
Com o cai da noite, caiu também a temperatura, nos agasalhamos melhor, (colocamos toda a roupa de aeroporto sabe? Calça, casaco e echarpe, e dormimos super bem. Na verdade nesta viajem nós vacilamos e muito. Na próxima viagem que fizemos (Great Ocean Road) também acampando, fomos mais espertos e compramos saco de dormir, ai passamos a noite bem tranquilos e quentinhos.

Terceiro dia.
Acordamos cedo (cedo mesmo, tipo 4 e pouco) e fomos ver o nascer do sol em outra pedra do complexo, a Kata Tjuta. Ela fica no mesmo parque nacional. Hoje é nosso último dia de passe.
Assistimos o nascer do sol do observatório e seguimos para uma trilha para ver os canions.
A gente ama natureza e as paisagens são tão únicas e por isso tão fascinantes. A cor da pedra varia de acordo com o horário e com o angulo.
Essa trilha já é um pouco mais pesada que a do dia anterior e não é acessível para cadeiras de rodas, pelo contrário, passamos por algumas subidas e descidas, nada super avançado. É super importante levar consigo algumas garrafas de água durante essas caminhadas, o calor é intenso, e nem sempre tem agua disponível durante o percurso. Nós sempre congelávamos algumas garrafas durante a noite, assim ela ia descongelando ao longo do passeio e tinhamos sempre agua fresquinha. Outra dica é que no carro eu mantinha elas nos meus pés e jogava o ar condicionado lá, assim ele ajudava a manter tudo geladinho por mais tempo.


Durante o trajeto tem muitos momentos na sombra, o que é super refrescante, mas o início é com sol na cabeça mesmo. Por isso, quem estiver com criança muita atenção ao horário, e protetor solar tem que ser aplicado varias vezes.
O passeio terminou por volta das 10:00, o calor já estava beirando o insuportável. Aproveitamos para desmontar a barraca, almoçar e cair na estrada, seguindo rumo ao Kings Canyon.



Lá nos hospedamos em um camping também (AUD 44), e vimos o por do sol do próprio camping.
Eles tem uma passarela que acaba em um observatório gostosinho. De longe não é tudo aquilo como no Uluru, mas foi bacana, encontramos um brasileiro, conversamos um pouco e curtimos mais um fim de tarde delicia.
Quarto dia.

Acordamos cedo e fomos para o Kings Cânion. Lá é bem menor que Ayres Rock, e não tem muito para fazer. Apenas um bar para comer e beber, e o camping também oferece hotel. Na nossa opinião, se vc não tem tanto tempo, não pense duas vezes em cortar este trecho do seu roteiro. A essa altura já estávamos meio cansados de ver a mesma paisagem, como eu falei lá em cima, fizemos muitos dias de viagem, dava muito para encurtar. Mas valeu super a pena. No final da manhã, já tinhamos riscado mais um lugar da nossa lista era hora de voltar para Ayres Rock. Caímos na estrada logo após o almoço.



A estrada é bem tranquila e remota. Não cruzamos com muitos carros durante o caminho. Confesso que da um medinho de acontecer algo com o carro e ficarmos parado no meio do nada, mas tudo ocorreu tranquilamente bem, chegamos a salvo de volta no camping.
Nosso passe para o parque estava expirado, então assistimos o por do sol do lado de fora do parque em um pequeno observatório ao lado da estrada mesmo, tinha bastante gente por lá, encostamos o carro e nos juntamos a galera.
Algumas empresas de turismo oferecem champanhe, mas pelo menos a que vimos não tinha glamour nenhum. rs, Foi a primeira vez que achamos que tinha muita gente para pouco espaço, não dava para ver super bem. Mas esse já era nosso quarto por do sol, não estavámos tão preocupados com isso.

Quinto e ultima dia

Aproveitamos para dormir até um pouco mais tarde, não muito pois o calor nos fez despertar e querer sair da barraca. Desmontamos a barraca, organizamos as malas e passeamos um pouco pelo complexo de Ayres Rock, o Fábio recebeu uma aula de como tocar Didjeridu (instrumento aborígene, tocado somente por homens) foi engraçado, é bem difícil e lembra um pouco um berrante, mas o som é bem diferente. Os instrutores eram de origem aborígene e tocavam super bem.

Descansamos até a hora de ir para o aeroporto, já estávamos meio de saco cheio do calor. Vocês devem estar pensando, nossa eles descansam toda a hora. Nós somos super ativos e queremos sempre aproveitar ao máximo o tempo de viagem, mas o calor acabava com a nossa energia. De verdade, é um cansaço fenomenal, além do que não tinha muito o que fazer. Voltamos para o aeroporto devolvemos o carro e embarcamos de volta para sydney.
Resumo de despesas - informações gerais
To total gastamos AUD: 1.145,00 para duas pessoas (sem alimentação) sendo:
- Passagens aéreas AUD: 430,00 + 60,00 (mala despachada) = AUD: 490,00
- Aluguel do carro AUD: 316,76
- Gasolina AUD: 170,00
- Parque Nacional AUD: 50,00 (para duas pessoas)
- Camping Uluru AUD: 74,00
- Camping Kings Canyon AUD: 44,00
Mais alimentação.
Preveja também uma verba para bebidas, (vc compra água o tempo todo por lá - é cara-, e alimentação não colocamos pois varia muito). Nós comprávamos sempre comida no mercado e comíamos no camping.
Para o acampamento compramos: (essas dicas servem para todos os acampamentos) Dá pra viajar a austrália toda assim.
- Barraca do Kmart , bem simples mesmo (AUD 50)
- 2 colchonetes pequenos, também no Kmart (AUD:20)
- Lanterna para usar dentro da barraca
- Saco de dormir também é super indicado
-Levamos alguns utensílios de cozinha de casa. Você vai precisar de: talheres, pratos, copos, guardanapos, papel alumínio e uma assadeira ou panela (esse camping não tem absolutamente nada disso) Sabe o que é muito útil, levar um pouco de sal ou qualquer tempero que você está acostumado a usar também, pois no camping muitas vezes não tem e você não vai querer comprar um Kg de sal para uma semana de viagem.
#DicaDoVC Hoje faríamos duas coisas diferentes, encurtaríamos a viagem um dia, assim teríamos exatamente o mesmo roteiro, só que mais enxuto, e buscaríamos uma época um pouco mais fresca. Fora isso, super recomendamos. É um passeio diferente e caro, não é todo mundo que faz. Mas valeu a pena. Nos sentimos realmente privilegiados por poder viver essa experiência.
Informação importante: Lá tem MUITA mosca, muita mesmo. Mais do que eu jamais vou conseguir expressar pra vocês aqui. Tem até uns chapéus para vender com umas cordinhas penduradas para fazerem movimento na frente do seu rosto para elas te deixarem em paz. Também vendem uma redinhas. E sim elas amam voar bem pertinho do seu rosto. É infernal. Então seja prevenido e leve muito repelente, citronela e qualquer outra coisa que você conheça contra moscas, acredite em mim, você vai precisar.





Comments